terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestações

Estou, como a maioria dos manifestantes, indignado há muito tempo com o Estado brasileiro. Enquanto pagamos impostos elevadíssimos, Estado entrega serviços de péssima qualidade: transporte público deficiente, estradas esburacadas, escolas de péssima qualidade, ruas inseguras e sistema saúde precário. Enquanto isso, nosso dinheiro vai para estádios caríssimos -superfaturados e com baixo retorno social- , empresas beneficiadas pelos juros subsidiados do BNDES, montadoras de automóveis, funcionários públicos com aposentadorias extremamente generosas e etc. No entanto, temo pelo discurso de alguns grupos ligados ao movimento, especialmente aquele que defende o passe livre. Nas manifestações, vi cartazes afirmando que transporte não é mercadoria. É claramente uma visão equivocada, fortemente fundamentada na ideia de que mercadoria é algo essencialmente ruim, pois remete à ideia de lucro e de exploração do trabalhador e da sociedade. Transporte é sim uma mercadoria, pois trata-se de um bem (serviço) que deve ser provido aos seus consumidores (usuários). Como possui elevados custos de produção, a tarifa zero implicaria em um subsídio enorme, que comprometeria vários outros serviços públicos essenciais ou aumentaria ainda mais a elevada carga tributária. Não existe nenhum serviço gratuito. Ou você paga na roleta do ônibus ou paga com mais impostos ou redução de outros serviços públicos. É simples assim.
É mais importante protestar pela melhoria do transporte público, com mais ônibus, mais linhas de metrô, mais faixas expressas e etc. O discurso anticapitalista deve ser superado para que a sociedade possa efetivamente progredir.  Afinal, apesar de algumas ressalvas, a experiência brasileira mostra que os serviços públicos- como telefonia, infraestrutura e outros- são providos de forma mais eficiente por empresas privadas. Provimento de mercadorias e obtenção de lucros são aliados da sociedade, não inimigos.
Entendo que as manifestações já adquiriram dimensão bem maior que a discussão sobre transporte público, mas considerei importante discutir este ponto específico. Enfim, simpatizo com a indignação popular, mas torço para que o movimento não seja contaminado por ideias marxistas, que só atrasam a sociedade. Cheguei a ver um manisfestante fantasiado de Fidel Castro. Claramente, este manifestante não está defendendo a Democracia. 
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