quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Meia entrada


A lei da meia entrada ficou em evidência recentemente após tentativas da FIFA de impedir a compra de ingressos para jogos da copa pela metade do preço. Meia entrada em cinemas, teatros e eventos esportivos parece ser um direito legítimo pra estudantes que, em geral, vivem sob condições financeiras limitadas. No entanto, do ponto de vista da análise econômica, cabe perguntar quem perde com esta medida. Claramente todos concordam que o grupo de não-estudantes é prejudicado. No entanto, com relação às empresas, o resultado não é tão óbvio assim.
Já ouvi um argumento que defende que as empresas se beneficiam, pois podem discriminar preços, cobrando meia entrada de quem está disposto a pagar pouco (estudantes) e  valor cheio para quem está disposto a pagar muito. Apesar de ser um raciocínio sofisticado e baseado em teoria econômica, o argumento é falacioso pois, a não ser por uma incrível coincidência, a razão ótima de preços do ponto de vista da empresa não é  50% do preço cheio. Poder ser, por exemplo,  55,60,70% ou até mesmo valor inferior a 50%. Tudo vai depender das preferências dos dois grupos de consumidores.  
Portanto, exceto pela coincidência citada anteriormente, as firmas não maximizam lucros com a meia entrada, perdendo (ou deixando de ganhar), conseqüentemente, dinheiro. O resultado típico, quando isto acontece, se revela na menor oferta das firmas tanto no curto como no longo prazo. Logo, a lei da meia entrada gera perda de bem-estar agregado e transfere renda de empresas e não-estudantes para os estudantes.  Mais interessante seria revogar tal lei e deixar que as empresas espontaneamente ofereçam descontos para estudantes. 
Quanto ao caso específico do mundial, muitos podem se preocupar pouco com os lucros da FIFA, mas antes de protestar contra a imposição da entidade máxima do futebol, não devem esquecer o valor que irão pagar pelo preço cheio do ingresso caso o governo brasileiro consiga manter a lei da meia entrada para ingressos na copa. O argumentação deste post também serve para outros grupos beneficiados com a meia entrada como idosos e professores, conforme lei em algumas cidades. Neste caso, laissez-Faire, mes amis!

Um comentário:

  1. Na minha opinião a meia entrada para os estudantes pode não ser um bom critério enquanto medida de justiça social, pois ser estudante não é sinônimo de ser desfavorecido.
    Recentemente em Portugal, uma das medidas de austeridade com visa a reduzir a despesa do estado foi a extinção da meia nos transportes públicos para os estudantes, baseando-se nesta ideia que existem estudantes ricos. O que se irá fazer agora é avaliar os rendimentos e só os mais pobres terão direito à "meia"

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