terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pesquisas Eleitorais


Existe certo desconhecimento sobre estatística que alimenta teorias sobre manipulação de pesquisas. A evidência, dizem, parece clara na eleição para prefeito de Fortaleza, onde as pesquisas apontavam Heitor Férrer (PDT) em quarto Lugar, bem distante do segundo colocado, Roberto Cláudio (PSB). Na apuração, a diferença foi mínima. Heitor obteve pouco mais de 20% dos votos, aproximadamente dois pontos percentuais a menos que o candidato do PSB.
Não há como negar que as pesquisas erraram, mas isso significa necessariamente má-fé? Não. Um conceito central em pesquisas eleitorais é a margem de erro, muito intuitivo e de fácil compreensão. Se um candidato possui, digamos, 10% de preferência entre os eleitores entrevistados pode-se inferir que possui entre 8% e 12%, no caso de 2% de margem de erro. No entanto, o que poucos sabem é que a margem de erro também pode estar errada, não por incompetência ou má-fé dos institutos de pesquisa, mas, sim, pela natureza amostral de qualquer processo de coleta de dados de forma não censitária. Isto é, pesquisas, ao contrário dos censos, possuem uma probabilidade, tipicamente de 5%, de estarem completamente erradas. Essa probabilidade é denominada tecnicamente de nível de significância.
Em suma, uma pesquisa, por capturar a opinião de uma amostra, e não da população, serve apenas como um indicador, não garantindo resultados dentro da margem de erro.
É claro que os argumentos acima não afastam completamente a hipótese de manipulação ou, simplesmente, incompetência dos institutos. No entanto, oferecem uma explicação alternativa baseada em sólida teoria da estatística.
Em relação à pesquisa de boca de urna, a teoria da conspiração se torna ainda mais fraca. Qual seria o incentivo do instituto em manipular os resultados e enganar o eleitor, uma vez que essa pesquisa é realizada no dia da eleição e divulgada após fechamento das urnas? A resposta é óbvia: nenhum.
Portanto, por um simples raciocínio lógico, não faz sentido a manipulação de pesquisas de boca de urna.
Conspirações devem existir em toda atividade humana, no entanto, é preciso avaliar bem as explicações alternativas e o alinhamento dos incentivos dos agentes envolvidos.
Existem outras teorias da conspiração, defendidas por muitos, que também não passam no teste do alinhamento dos incentivos ou raciocínio semelhante. Exemplos que me vêm no momento são:
(i)                  Homem não foi à lua
(ii)                França comprou Brasil na copa de 1998
(iii)               Juiz sempre rouba em favor do time adversário

sábado, 29 de setembro de 2012

Mais sobre crises


Vejam nova entrevista interessante na Gnews com prof. Rogoff sobre livro que descreve as regularidades dos fatores que antecipam crises. Finalmente deixaram de entrevistar economistas heterodoxos, que chegam a defender que os países terão crescimento zero no longo prazo. Nunca leram Solow. Mas enfim, Rogoff discorre sobre curto prazo e sempre defendeu que a atual crise ainda irá demorar, ao contrário de Paul Krugman, defensor ardente das políticas keynesianas de Obama.



Título do livro de Kenneth Rogoff: "Desta vez é diferente: oito séculos de delírios financeiros"

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Acemoglu

Vejam entrevista com Daron Acemoglu, professor do MIT, que analisa o desenvolvimento dos países por meio da relação entre política e economia. Comenta que o Brasil ainda está na infância do desenvolvimento, muito distante ainda dos países realmente ricos.

http://g1.globo.com/platb/globo-news-milenio/2012/08/


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"Sorry, Brazukas.Não há status em comprar Toyota Corolla, Honda Civic ou Jeep Cherokee "


Vejam notícia da Forbes sobre automóveis no Brasil (assunto abordado por este Blog com frequência). Carros simples como Corolla, Civic e Jeep Cherokee, acessíveis à classe média baixa americana, são símbolo de status no Brasil simplesmente porque são caros.

O preço elevado se deve aos impostos elevados e falta de competição externa, algo que ocorre em vários outros setores da economia brasileira. Tudo isto para financiar estado ineficiente e incapaz de investir.

Enfim, compre seu Corolla, mas não acredite estar dirigindo um carrão!

Leia a notícia abaixo.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Voo da galinha com anabolizante

Excelente artigo sobre crescimento brasileiro que , na ausência de reformas tão amplamente defendidas por vários economistas, se mostra insustentável no longo prazo. Daí a analogia com o voo da galinha, que possui duração limitada.

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/07/20/economia-brasileira-cresceu-com-anabolizante-diz-economist.jhtm


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Penso, Lugo existo.


Vai aqui uma mensagem aos colegas ortodoxos que apoiaram a destituição de Lugo no Paraguai. Sou a favor do livre mercado  e , portanto, não simpatizo com presidentes como Lugo, Chavez, Kirchner e outros.  No entanto, devemos nos ater aos princípios ortodoxos (Democracia, Estado de Direito e Capitalismo) e não ao desejo de ver tais políticos fora do poder a qualquer custo. Um dos princípios básicos do Direito é a ampla  defesa que, evidentemente, não foi concedida ao presidente paraguaio- processo demorou menos de 48h. Confesso que, ao ouvir a notícia do impeachment, fiquei inicialmente satisfeito. No entanto, devemos ser fiéis aos nossos princípios e nunca ceder às emoções, que podem trazer satisfação momentânea, mas  podem nos levar a apoiar decisões com consequências terríveis para as instituições e , por extensão, para o bom desenvolvimento do capitalismo. Portanto, a destituição de Lugo deve sim ser combatida por todos que defendem a democracia. É preciso pensar antes de ceder às reações instintivas.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Descubra se você é heterodoxo


Você acredita que o mercado nacional dever ser protegido para gerar emprego no país?
Você acredita que os preços no Brasil são elevados (carros, hotéis, juros) por culpa das empresas, que são excessivamente gananciosas, e não do governo que impõe elevados impostos?
Você acredita que o governo deve controlar, via estatais, setores “estratégicos” como a exploração de recursos naturais?
Você acredita em Keynes– gasto do governo eleva o PIB-, mesmo no longo prazo?
Você atribui o crescimento brasileiro às políticas sociais  e não ao cenário externo favorável a países exportadores de commodities nos últimos 10 anos?
Você acredita que o lucro é algo essencialmente ruim pra a sociedade, pois é resultado da exploração de trabalhadores e consumidores?
Você dá muito importância às chamadas falhas de mercado (externalidades, por exemplo) e esquece as falhas de governo?
Você utiliza com frequência palavras como capitalismo selvagem, fé cega no mercado, capital financeiro, mundialização, consumismo, movimentação da economia e geração de empregos?
Você não acredita no sucesso das privatizações da década de 1990 apesar de pagar apenas 15 reais para obter uma linha de telefonia móvel?
Você acredita que o relativo sucesso do presente deve ser atribuído ao atual governo (Lula +Dilma) e não ao governo anterior que fez uma série de reformas estruturais importantes?
Você não credita a FHC a paternidade do Plano Real e sim ao Presidente Itamar franco que pediu a volta do fusca e assistiu ao desfile de carnaval com uma mulher nua?
Você admira a postura de confronto do atual governo, à la Cristina Kirchner,  com os bancos privados?Pior, você acredita que tal confronto se reverterá em benefícios para o consumidor?
Você acha um absurdo pagar estacionamento em shoppings, mas não se incomoda muito em pagar flanelinha em via pública e supostamente gratuita?
Você acredita que pequenas e médias empresas são necessariamente virtuosas, enquanto que empresas grandes necessariamente prejudicam o bem-estar econômico?
Quando algum conhecido vai para os Estados Unidos você faz questão de afirmar que prefere a Europa e que não compra nada?
Se você respondeu positivamente a pelo menos seis das questões acima considere-se um economista heterodoxo, caso contrário ainda há esperança, especialmente se você tiver menos de trinta anos. 
Vai aqui mais uma provocação, a título de descontração, mas que guarda paralelo com a demonização das grandes empresas e simpatia pelas pequenas: Você torceu pelo time mais fraco na Champions League apesar do rival mais forte jogar um futebol espetacular? Independentemente das respostas às outras questões, uma resposta positiva a esta questão significa que existe um heterodoxo em você, pronto para aflorar a qualquer momento.