A lei da meia entrada ficou em evidência
recentemente após tentativas da FIFA de impedir a compra de ingressos para
jogos da copa pela metade do preço. Meia entrada em cinemas, teatros e eventos
esportivos parece ser um direito legítimo pra estudantes que, em geral, vivem
sob condições financeiras limitadas. No entanto, do ponto de vista da análise
econômica, cabe perguntar quem perde com esta medida. Claramente todos
concordam que o grupo de não-estudantes é prejudicado. No entanto, com relação
às empresas, o resultado não é tão óbvio assim.
Já ouvi um argumento que
defende que as empresas se beneficiam, pois podem discriminar preços, cobrando
meia entrada de quem está disposto a pagar pouco (estudantes) e valor
cheio para quem está disposto a pagar muito. Apesar de ser um raciocínio
sofisticado e baseado em teoria econômica, o argumento é falacioso pois, a não
ser por uma incrível coincidência, a razão ótima de preços do ponto de vista da
empresa não é 50% do preço cheio. Poder ser, por exemplo, 55,60,70%
ou até mesmo valor inferior a 50%. Tudo vai depender das preferências dos dois
grupos de consumidores.
Portanto, exceto pela coincidência citada
anteriormente, as firmas não maximizam lucros com a meia entrada, perdendo (ou
deixando de ganhar), conseqüentemente, dinheiro. O resultado típico, quando
isto acontece, se revela na menor oferta das firmas tanto no curto como no
longo prazo. Logo, a lei da meia entrada gera perda de bem-estar agregado e
transfere renda de empresas e não-estudantes para os estudantes. Mais
interessante seria revogar tal lei e deixar que as empresas espontaneamente
ofereçam descontos para estudantes.
Quanto ao caso específico do mundial,
muitos podem se preocupar pouco com os lucros da FIFA, mas antes de protestar
contra a imposição da entidade máxima do futebol, não devem esquecer o valor
que irão pagar pelo preço cheio do ingresso caso o governo brasileiro consiga
manter a lei da meia entrada para ingressos na copa. O argumentação deste
post também serve para outros grupos beneficiados com a meia entrada como
idosos e professores, conforme lei em algumas cidades. Neste caso, laissez-Faire, mes amis!