Na semana passada os vilões eram
os produtos chineses, o que determinou uma série de medidas protecionistas e
prejudiciais ao consumidor brasileiro. Nesta
semana o governo encontrou um novo vilão da economia brasileira: os bancos privados. Mandou Caixa e
BB baixarem seus juros e reclamou publicamente, através do ministro Mantega,
dos bancos que não fazem nada para reduzir o spread, o maior do mundo. A exemplo do que ocorre na política de defesa
comercial, o governo ataca os problemas no setor bancário de forma pontual,
desorganizada e voluntariosa. O mercado bancário brasileiro é sim problemático,
mas culpar unicamente os bancos é mais um exemplo de uma postura populista
antimercado, que coloca apenas nas costas das instituições bancárias a
responsabilidade pelos juros estratosféricos pagos pelo tomador de empréstimo
no Brasil. Ora, no capitalismo não há bondade ou maldade, as empresas buscam
maximizar seus lucros, o que é perfeitamente legítimo e não deve ser demonizado em princípio.
No lugar de utilizar bancos sob seu controle (BB e Caixa) para baixar juros na
marra, o governo deveria adotar medidas estruturais para criar um ambiente mais
competitivo no setor. Exemplos seriam políticas de redução da assimetria de
informação entre bancos e tomadores de crédito para reduzir inadimplência e os
juros - como o cadastro positivo-, introdução de legislação mais abrangente que
permitisse ao emprestador reaver pelo menos parte do valor emprestado – como já
ocorre no caso de veículos e imóveis - e redução dos impostos. O governo não
demonstrou empenho em nenhuma dessas áreas. O cadastro positivo, por exemplo,
que permite aos bancos identificar os bons pagadores e, portanto, cobrar juros
mais baixos, ainda não possui eficácia, pois não foi regulamentado pelo governo.
Os impostos continuam elevadíssimos e a inadimplência continua nas alturas. Enquanto isso, o Brasil tem os juros mais
elevados do mundo, o carro mais caro e atrasado do mundo, os hotéis mais caros
do mundo, etc. O mercado bancário possui as conhecidas falhas de mercado –
elementos que impedem o melhor funcionamento do mercado. No entanto, o maior
problema é a falha de governo, que tributa muito, investe pouco e não cumpre
seu papel regulatório de forma adequada. Em suma, é muito fácil culpar os
bancos, que possuem uma imagem negativa junto à população. No entanto, boa parte
dos problemas do setor depende da correta atuação do governo e não de medidas
populistas, de eficácia limitada e desestabilizadoras, como a redução dos juros dos bancos sob
controle estatal.
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