Inauguro a seção economythbuster, que tentará desconstruir mitos
econômicos, isto é, idéias populares, mas enganosas, sobre fenômenos econômicos. O tema deste post é sobre o efeito econômico
de aumento de tributos ou de custos de
produção. Em conversas informais, já me disseram que os supermercados não se preocupariam
com o aumento de custos decorrentes das chamadas perdas (furtos de produtos) e
que as empresas, ao se depararem com aumento de impostos, não se incomodariam,
pois simplesmente, em ambos os casos, os referidos agentes econômicos repassariam
integralmente o ônus para o consumidor. Mito ou verdade? Mito, talvez o maior
de todos. O raciocínio pressupõe que as empresas repassam integralmente o
aumento e que o consumidor não reduz sua demanda.
As empresas podem repassar todo o aumento. Nada impede.
No entanto, em condições normais de demanda e oferta, a perda de demanda
causada pelo aumento excessivo de preços não compensa. As empresas preferem então repassar apenas
parte do aumento ao consumidor. Não o fazem
por sentimento altruísta, mas sim para minimizarem a perda de lucros.
Isto pôde ser comprovado empiricamente em estudo sobre
automóveis (ARTIGO) que realizei junto com outros dois colegas (Fancis Petterini e Victor
Hugo) que mostra que neste setor a divisão da carga fiscal é de aproximadamente
80% para o consumidor e 20% para as empresas. Ou seja, de 10000 reais de impostos,
a empresa absorve R$2000 e repassa R$8000.
Existe outro
indicador indireto que revela que o mito é um mito: o posicionamento dos agentes
econômicos. Ora, se as empresas não fossem afetadas pelo aumento de impostos ou
de seus custos não veríamos empresários reclamando da volta da CPMF ou do chamado
custo Brasil.
As empresas não são afetadas pelo aumento de custos ou tributos,
pois repassam integralmente o ônus para o consumidor..... MITO!
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